• Design
  • Personas
  • Usuário médio

Extra: o usuário médio#

Neste documento vamos utilizar uma definição informal de "usuário médio" como um usuário cujas características se encontram aproximadamente na média de todos os usuários estudados. Por exemplo: para definir um estudante universitário médio seriam coletadas diversas medidas como idade, quantidade de horas de estudo por dia, renda familiar, etc. A partir dessas medidas, o "estudante médio" seria uma pessoa na média de todas essas características.

Além de ser mais difícil criar empatia apenas a partir de números, corremos também o risco de criarmos generalizações irreais. Vamos utilizar um exemplo real.

No final da década de 1940, a Força Aérea dos EUA estava com um problema sério: havia uma grande quantidade de acidentes de avião, chegando a 17 em um único dia. Havia duas possíveis causas mais diretas a serem exploradas. A primeira, falhas técnicas, foi logo descartada, pois se confirmou que os aviões muito raramente falhavam. A segunda possibilidade era o erro humano. Os pilotos, entretanto, estavam convictos que a sua habilidade (ou falta dela) também não era o motivo dos acidentes.

Descartadas as duas principais possibilidades, a Força Aérea conduziu um estudo no qual foram obtidas as medidas das dimensões físicas de mais de 4000 pilotos. O pesquisador Gilbert Daniels selecionou as 10 principais dimensões relacionadas ao tamanho do cockpit para uma análise mais cuidadosa. A principal suposição era que a maioria dos pilotos teria suas medidas próximas da média (considerando uma variação de 15% do intervalo para mais ou para menos) e muitos teriam todas as medidas próximas às médias.

Entretanto, do total de 4063 pilotos, nenhum possuia todas as 10 dimensões próximas à média. Mesmo selecionando apenas 3 dimensões, menos de 3,5% dos pilotos seria considerado um piloto "médio".

A solução então proposta por Daniels foi não projetar os cockpits para pilotos médios e sim fazer cockpits adaptáveis ao tamanho de cada piloto, o que acabou se provando muito efetivo e reduzindo drasticamente a quantidade de acidentes.

Apesar de ter alguma utilidade em outros casos, calcular a média dos dados coletados e assumir que essas médias representam a maior parte dos usuários pode trazer mais malefícios do que benefícios. Considerando um problema a ser resolvido para pessoas reais, um "usuário médio" não existe e não é muito útil.

Referências#